Uma célula HeLa é um tipo de "célula imortal" usada em pesquisas científicas. Esta é a linhagem celular humana mais antiga e mais utilizada.
A linhagem foi derivada a partir de células obtidas de um câncer cervical coletadas em 8 de fevereiro de 1951 de Henrietta Lacks, uma paciente que acabou por morrer de seu câncer em 4 de outubro de 1951. Descobriu-se que a linhagem celular era extremamente durável e prolífica como ilustrado pela sua contaminação de muitas outras linhas celulares utilizadas na investigação.
"Não dá para saber quantas células de Henrietta ainda circulam. Um pesquisador estima que, juntas, pesariam 50 milhões de toneladas, algo inconcebível, porque cada uma pesa quase nada", disse Rebecca Skloot, autora do livro A Vida Imortal de Henrietta Lacks.
Algumas curiosidades sobre as células HeLa:
1. Apesar de serem cancerosas, as células HeLa comportam-se como células normais do corpo.
Isso permitiu aos cientistas aprender como elas reagiam em determinados ambientes. Possibilidades de pesquisa que um dia estavam fora dos limites ou eram antiéticas de repente se tornaram uma realidade à medida que os cientistas começaram a entender como a divisão celular ocorre ou como um vírus afeta uma célula.
2. As células foram retiradas sem o conhecimento ou consentimento de Henrietta.
Na década de 1950, não era considerado antiético usar alguém em um estudo científico sem a sua permissão ou fornecer tratamento médico não autorizado. Não existiam leis para proteger os direitos de pessoas como Henrietta, que tiveram sua privacidade violada pelos pesquisadores.
3. As células HeLa foram fundamentais para a pesquisa do câncer precoce
Graças a estudos feitos com células HeLa, os pesquisadores têm aprendido muito sobre o funcionamento das células cancerosas. Descobriu-se que as células de Henrietta ativaram uma enzima chamada telomerase utilizada para reparar o DNA danificado. Isto significa que as células HeLa proliferavam e prosperavam em oposição às células normais, que simplesmente morrem após um curto período de tempo.
4. As células HeLa têm ajudado na progressão da pesquisa genética
Em 1953, um geneticista do Texas estava trabalhando com as células HeLa quando uma substância química acidentalmente caiu sobre elas. No entanto, este potencial desastre acabou por ser uma bênção surpresa. Após observação, o cientista percebeu que os cromossomos dentro das células aumentaram de tamanho e, essencialmente, se desembaraçaram, tornando-se mais visíveis – cromossomos são compostos por longas fitas duplas de DNA, totalmente emboladas.
5. Pesquisas com as células HeLa levaram à criação da vacina contra o câncer do colo do útero
Em 2008, o virologista alemão Harald zur Hausen foi homenageado com o Prêmio Nobel por sua descoberta decisiva de que duas cepas de HPV estavam diretamente ligadas ao câncer cervical. Na década de 1970, acreditava-se que o herpes simplex causava o câncer do colo do útero.
6. As células HeLa contaminaram outras culturas de células em todo o mundo
Descobriu-se que as células HeLa podem viajar através do ar – aumentando exponencialmente o risco de contaminação. Nas décadas de 1950 e 1960, os laboratórios não eram devidamente equipados para pará-las, o que causou o prejuízo milionário e perda do tempo investido nas pesquisas que acabaram contaminadas. Felizmente, desde então foram feitas melhorias para inibir tais erros em técnicas de cultura de células.
7. O envolvimento das células HeLa contribuiu para criar a vacina contra a poliomielite e paralisia infantil
8. Alguns cientistas sugerem que as células HeLa podem ser uma nova espécie
De acordo com o biólogo evolucionista Leigh Van Valen, da Universidade de Chicago, as células HeLa não têm nenhuma conexão com as pessoas. Van Valen e outros cientistas afirmaram que as células são microbianas em sua natureza, não têm qualquer semelhança com as células humanas e devem ser consideradas como uma espécie inteiramente nova.
Acredita-se que as células HeLa evoluíram geneticamente ao longo do tempo para se adaptar ao seu ambiente – a placa de Petri – como resultado da seleção natural. Há quem diga que atualmente há novas linhagens de células HeLa que surgiram nos últimos anos.
Um outro estudo, de professores da Universidade da Califórnia em Berkeley, sugere que o processo pelo qual as células cancerosas são geradas é a base para a criação de uma nova espécie. O mesmo artigo, publicado na revista “Cell Cycle”, também faz menção a tumores que devem ser pensados como “organismos parasitas”.
9. O segredo da imortalidade das células de Henrietta permaneceu desconhecido até o final da década de 1990.
Todo câncer é uma forma de mutação do DNA da célula. No caso da HeLa, a célula sofreu uma mutação que produz uma enzima chamada telomerase, que controla a renovação dos cromossomos cada vez que a célula se divide. Ao contrário das células normais, que vão se desgastando a cada divisão, o tumor de Henrietta não sofre danos quando se multiplica – e, assim, se torna imortal.
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Fontes e informações detalhadas sobre o assunto:
- Hypescience
- Superinteressante
- BBC
- Wikipedia
- Pesquisa com celulas HeLa no Brasil (notícia de 05/06/19)
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