Astrônomos australianos descobriram aquela que eles chamam de "a mais velha estrela que se conhece".
E ela não está nos confins do Universo, mas aqui nas vizinhanças, dentro da Via Láctea, a pouco mais de 6.000 anos-luz da Terra.
Sendo tão velha, ela se formou antes que própria Via Láctea, integrando-se à multidão de estrelas que formam nossa galáxia por algum processo de aglomeração posterior.
Stefan Keller e seus colegas da Universidade Nacional Australiana e de várias outras instituições calculam que essa estrela ancestral tenha 13,6 bilhões de anos de idade.
O "problema" é que o último cálculo sobre a idade do Universo estabelece que o Big Bang teria acontecido 13,82 bilhões de anos atrás.
E, para atender às teorias, nesses poucos mais de 200 milhões de anos tem que ter havido tempo suficiente para a criação e destruição das chamadas estrelas primordiais, gigantes azuis que explodiram rapidamente como supernovas, e que teriam sido responsáveis pela criação dos outros elementos da Tabela Periódica - o Big Bang só teria produzido hélio, hidrogênio e lítio.
Outro "problema" é que já se conhece outra estrela, chamada HD 140283, cuja idade aparenta ser maior do que os 13,82 bilhões do Big Bang, com uma incerteza de 800 milhões de anos para mais ou para menos, o que pode questionar a alegação de que esta seja a estrela mais velha que se conhece.
Para calcular a idade da estrela-vovó - que atende pelo nome codificado de SMSS J031300.36-670839.3 - os astrônomos usaram a quantidade de ferro em sua composição.
"A luz das estrelas escapa das reações de fusão de hidrogênio que ocorrem no seu interior e, à medida que a luz passa através das camadas exteriores, os átomos dos elementos químicos presentes absorvem a luz em comprimentos de onda específicos," explica o Dr. Keller.
"O espectro da luz das estrelas traz impresso assim uma impressão digital química única, expressa em linhas de absorção que nos dizem quais elementos estão presentes nelas, e qual a sua abundância," conta ele.
No caso do Sol, há milhões de linhas de absorção, revelando a presença de todos os elementos e suas combinações.
A estrela recém-descoberta, porém, só mostra sinais de hidrogênio, carbono, magnésio e cálcio - virtualmente nenhum ferro, que deveria ter sido produzido conforme as reações de fusão da estrela vão produzindo elementos cada vez mais pesados.
"O teor de ferro do Universo aumenta com o tempo, conforme sucessivas gerações de estrelas se formam e morrem. [Assim,] podemos usar a abundância de ferro de uma estrela como um 'relógio' qualitativo que nos diz quando a estrela foi formada," explica Keller.
O cálculo resulta em 13,6 bilhões de anos.
Por que essa estrela nunca foi destruída nas "sucessivas gerações de estrelas" é algo ainda a ser explicado.
O fato é que ela tem realmente algo de especial, uma vez que os astrônomos afirmam ter analisado - computacionalmente, é claro - nada menos do que 60 milhões de estrelas para encontrar somente essa com tais características.
Por sorte, devido à proximidade que a estrela está da Terra, será possível tirar a prova das teorias procurando por planetas ao seu redor - se ela for mesmo tão velha, e pertencente à segunda geração de estrelas do Universo, nada sólido deverá ser encontrado em sua órbita, já que o disco estelar original da qual ela se formou não tinha elementos pesados.
Recentemente, assim que foi inaugurado, o telescópio ALMA mostrou descobertas questionadoras sobre a linha do tempo da formação estelar estabelecida pela teoria padrão, mostrando que talvez o Universo possa estar escondendo sua idade verdadeira.
(Fonte: Site Inovação Tecnológica)