Frase do dia

30/04/2012

[Filosofia] O "movimento" segundo Henri Bergson

A filosofia de Henri Bergson (1859-1941) volta a dar importância ao movimento interno de um ser e como ele concebe em sua consciência os movimentos observados. Tudo isso foi desconsiderado pela maior parte dos filósofos do determinismo. E segundo ele, o método científico que se utiliza de símbolos matemáticos é importante para se investigar um objeto no espaço de uma maneira relativa e de certa forma ilusória, pois acreditamos que o conhecemos por completo. Podemos conhecer o ser internamente mediante a metafísica e desta forma chegar a um absoluto:

(...) Seja, por exemplo, o movimento de um objeto no espaço. Eu percebo de maneira diferente conforme o ponto de vista, móvel ou imóvel, donde o observo. Eu o exprimo diferentemente, conforme o sistema de eixos ou de pontos de referência aos quais o relaciono, isto é, conforme os símbolos pelos quais o traduzo. E o chamo relativo por esta dupla razão: tanto num caso como o outro, coloco-me de fora do próprio objeto. Quando falo de um movimento absoluto, é que atribuo ao móvel um interior e como que estados de alma, é também, porque simpatizo com os estados e me insiro neles por um esforço de imaginação  (...) Em suma, o movimento não será mais apreendido de fora e, de alguma forma, a partir de mim, mas sim de dentro, nele mesmo, em si. Eu possuiria um absoluto. (BERGSON, 1984, p.13).


(...) A ciência positiva se dirige à observação sensível. Ela obtém assim materiais cuja elaboração confia à faculdade de abstrair e de generalizar, ao juízo e ao raciocínio, à inteligência (...) Ela prende-se ao que há de físico-químico nos fenômenos da vida mais do que ao que é propriamente vital no vivente. Mas seu embaraço é grande quando chega ao espírito. Isto não quer dizer que ela não possa obter aí algum conhecimento; mas este conhecimento torna-se tanto mais vago quanto mais ela se distancia da fronteira comum ao espírito e à matéria. (Bergson, 2006, p. 117).


(...) A maior parte do tempo, vivemos exteriormente a nós mesmos, não percepcionamos do nosso eu senão o seu fantasma descolorido, sombra que a pura duração projeta o espaço homogêneo. A nossa existência desenrola, portanto, mais no espaço do que no tempo: vivemos mais para o mundo exterior do que para nós; falamos mais do que pensamos; ‘somos agidos’ mais do que agimos. Agir livremente é retomar a posse de si, é situar-se na pura duração”. (Bergson, 1988, p. 159).

Fontes:
BERGSON, Henri. Introdução à Metafísica. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural. 1984, 238 p.
______ Ensaio Sobre os Dados Imediatos da Consciência. Lisboa: Edições 70. 1988, 164 p.
______ O Pensamento e o Movente. São Paulo: Martins Fontes. 2006, 304 p. 

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